CINCO REGRAS PARA ESTUDAR A BÍBLIA
A Bíblia é um livro complexo, todavia tem uma mensagem simples. Há nela
sabedoria suficiente para uma vida inteira de estudo detalhado; há, também,
sabedoria que os principiantes podem
facilmente encontrar. Encontrará aqui, algumas regras básicas para
começar com o pé direito.
Se nunca
leu um livro de 1.000 páginas, a Bíblia poderá parecer difícil e inacessível.
Os nomes estranhos e costumes diferentes podem ser intimidativos.
Mas apesar
das dificuldades deseja mesmo ler a Bíblia, porque ouviu dizer que
esta pode dar-lhe mais informação sobre
o Deus que nos criou e que nos ama. Pode contar-lhe acerca de Jesus, nosso
Salvador, sobre o que ele fez e ensinou.
Há um
tesouro guardado algures neste livro, embora para si não seja fácil saber como
encontrá-lo.
Aqui estão
cinco regras simples para ajudar:
1. Começar
É um livro grande e
nada pode mudar esse facto. A única forma de começar é mesmo começar. A
caminhada de um Km começa com o primeiro passo. Por isso comece a ler!
Mas não tente ler de
uma só vez. A Bíblia não foi concebida
para uma leitura rápida. Não é um romance, um policial ou um livro de
mistério. Em vez disso é uma compilação
de diferentes tipos de escrita.
Génesis, por exemplo, contém vários tipos de histórias que abrangem
vários personagens principais. Cada um requer alguma atenção, por isso não se
apresse só pelo facto de poder dizer que já o leu. Leve o seu tempo, um pouco
em cada dia. Estruture a sua agenda diária para que possa ter algum tempo disponível
para o fazer.
Mas por
onde começar?
Génesis
tem algumas histórias interessantes, e Êxodos começa com uma óptima história,
mas depois abranda drasticamente e quando se chega a Levítico e Números a
maioria das pessoas perde o interesse, por serem ainda mais brandos.
É melhor
começar, provavelmente pelo Novo Testamento, com as histórias de Jesus. Marcos
é uma Escritura de leitura rápida e Actos lê-se com fluência a sua grande
história. Com isto, as cartas de Paulo entrarão no contexto.
Não se obrigue a ler tudo por “ordem” – os Cristãos de Roma também
leram a epístola Romanos em primeiro
lugar. Sinta-se livre para saltear uma
ou outra página, de vez em quando, lendo o livro de Lucas, depois a carta aos
Hebreus ou outra qualquer. Mais tarde, pode querer tentar um livro do Velho
Testamento, tal como Salmos ou Samuel.
Sempre que
comece a ler cada um dos livros, ponha a data na primeira página. Assim, saberá
sempre que livros é que já leu e quais os que não leu. Se continuar,
eventualmente voltará a lê-los.
Também
quererá, provavelmente, uma tradução mais actualizada. Não há nada de especialmente sagrado ou útil
num português arcaico. Existem versões mais fáceis de consultar.
2. Ler
Se ler apenas uma
frase, é possível entendê-la. Por
exemplo, se ouvir gritar “Fogo!” a sua
interpretação poderá ter duas
vertentes: poderá ser um aviso de perigo
ou uma ordem para disparar uma arma. A
palavra, para ser bem entendida, precisa de se enquadrar num contexto.
O mesmo acontece com
frases das Escrituras. Por exemplo, “Ninguém, nesta casa, é melhor que eu. O meu Mestre não escondeu nada de mim, à
excepção de si.” Para entender esta
frase, precisamos saber quem esta a falar, para quem está a falar e
porquê. É necessário um contexto.
Por isso, se quer
entender o que se está a passar, precisa de ler as passagens, não
destacando frases da página como se estas tivessem um significado
independente. Por vezes até têm, porém é
mais frequente não terem, sendo a melhor forma para o saber se têm ou não, é
ler, pelo menos, algumas frases antes e algumas depois, para tirar o sentido
geral a que se refere a passagem. Quem
está a falar, quem está a fazer o quê e porquê?
Muitas traduções
modernas ajuda-nos a compreender o contexto colocando as palavras em parágrafos
e dando subtítulos às partes maiores. Estes marcadores são, normalmente,
indicadores úteis para sabermos onde pára um assunto e começa outro.
O importante é ler
cada versículo inserido num contexto e não como um pensamento totalmente
independente.
3.
Questionar
Infelizmente, não
entendemos tudo quanto lemos. Também,
não entendemos tudo relativamente a um romance ou um filme, no entanto podemos
gostar do desenrolar da história.
Mas, no que diz
respeito à leitura da Bíblia, as pessoas ficam, frequentemente, bastante
constrangidas quando não entendem tudo o que lêem, afinal trata-se de uma mensagem vinda de Deus
que é suposto que a possamos entender e que nos faz sentir estúpidos se isso
não acontece.
Vamos
então, clarificar isto: Ninguém entende a Bíblia por completo, mesmo depois de
a estudar durante 50 anos. Ninguém
entende tudo quando a lê pela primeira vez. (Algumas pessoas pensam que sim, o que lhes proporciona um problema maior!)
No que se
refere às coisas relacionadas com Deus, somos todos um pouco estúpidos. Por isso relaxe. Se não perceber tudo, faça perguntas.
Pergunte à Bíblia. (Fale alto, se assim
o desejar mas, não espere ouvir outras vozes.)
Pergunte à
Bíblia: quem é que está a falar aqui? Como se sente ele ou ela? Porque se
comportam assim estas pessoas? Faria eu o mesmo? É suposto entender-se isto literalmente ou está a referir-se a algo
diferente? É algo bom ou mau? Há algo,
neste texto, que me dê algumas pistas para me ajudar a entender?
Por vezes
as respostas são claras, outras vezes não. Por vezes, temos que fazer uma
marcação interrogativa na margem e passar à frente. A Bíblia é mesmo assim.
Talvez, só
a iremos entende cinco anos mais tarde. Talvez, neste preciso momento, uma
concordância bíblica nos pudesse fazer entender melhor. Não importa. Por vezes,
o melhor mesmo é passar à frente e ler outra passagem bíblica.
Não faz
mal fazer perguntas.
4. Falar
Muitas vezes, as coisas que não entendemos outras pessoas entendem – ou
vice versa. Portanto, quando temos
dúvidas sobre o significado da Bíblia, podemos sempre falar com outros
Cristãos. Pode ser que já tenham
estudado essa mesma dúvida e possam ser capazes de a clarificar.
Ou poderá
querer partilhar algo que aprendeu e tenha gostado. Quem sabe, leu um provérbio
que se aplique à situação em que se encontra. Quem sabe, leu uma história de
fé, que desejaria que tivesse
acontecido, também, a si. Ou talvez
fosse uma visão fugaz da grandiosidade de Deus.
Fale, também, acerca destas coisas, para se encorajarem uns aos outros.
O Novo Testamento
descreve a igreja ancestral como um grupo de pessoas que, num companheirismo de
amizade, falavam umas com as outras sobre as coisas de Deus. Dedicavam-se aos ensinamentos dos apóstolos. Gostavam do que aprendiam e falavam da sua
alegria na aprendizagem.
No mundo
actual, os Cristãos falam, frequentemente, antes ou depois das reuniões da
igreja ou em pequenos grupos que se encontram durante a semana em casas uns dos
outros – grupos esses que se reúnem com o objectivo específico de orarem
juntos, discutirem as Escrituras e ajudarem-se mutuamente.
Um destes
grupos poderão ajudar na sua leitura bíblica. Sendo assim um bom passo para um
melhor entendimento: falar sobre a Bíblia com outros Cristãos.
5. Não
parar.
Já que é um livro
grande e já que não o entendemos logo, na primeira vez que o lemos, é essencial
que continuemos a lê-lo. Se quer,
realmente entender o que Deus nos diz através da Bíblia, então é preciso
adquirir o hábito de a ler sempre, pensando, reflectindo e falando no que nela
aprende.
É certo que
morreremos antes de aprendermos tudo que está na Bíblia – há sempre algo mais
para aprender. Isto deve ser uma
motivação para continuar e não para desistir. Certamente que existem tesouros escondidos na Bíblia, que para os
encontrarmos é necessário paciência e muita persistência.
Algumas pedras
preciosas podem ser encontradas facilmente; outras só serão descobertas após
muitos anos de busca. Há sempre algo de
belo, à nossa espera, para que possamos ver.
E todos temos de
admitir que estamos a envelhecer. Esquecemo-nos de várias coisas. Esquecemo-nos de lições que já aprendemos,
esquecemo-nos de promessas que antes conhecíamos. Se não refrescarmos a nossa
memória em relação às Escrituras, lentamente iremos perder algo que antes
tínhamos. Longe da vista, longe do coração.
Por tudo isto não
desista – continue a ler o Livro!
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